DOANDO.ORG

doando.org

domingo, junho 30, 2013

Competências da difusão do conhecimento

Por José Carlos Caires para o RH.com.br

A função de desenvolver o capital intelectual dos indivíduos numa organização compete aos Multiplicadores do Conhecimento (MC). Em todas as organizações eles desempenham vários cargos: pesquisador, professor, técnico, gerente, supervisor, chefe, escriturário etc. Não importa sua posição na hierarquia, qualquer um, desde que tenha o perfil de MC desenvolvido, poderá multiplicar ensinamentos e posturas, em outras palavras - educar.

Mas como educar nossos alunos, subordinados, colegas ou qualquer pessoa do nosso convívio no meio rural? Nós aprendemos poucas coisas de cada vez. O problema central de qualquer aprendizagem é fazer com que o novo conhecimento faça parte integrante da conduta diária do aprendiz. Aprender implica em mudança de comportamento. A maneira mais rápida e eficaz de se tentar mudar condutas é utilizar a técnica do learning by doing - na qual o indivíduo aprende praticando.


Duas constatações merecem atenção: a primeira está preza ao fato de que é muito difícil para o aprendiz, principalmente no espaço rural, separar o puro conhecimento, teoria, do que é eminentemente prático - utilizável. Existe uma tendência universal de se considerar que a teoria na prática é diferente. O fato é que nem sempre o aprendiz consegue entender o que está aprendendo e, o mais importante, não consegue ligar o novo conhecimento às necessidades de crescimento e ao atingimento de suas metas pessoais ou organizacionais. Portanto, ao ensinando uma tarefa para alguém, precisamos decodificar e adaptar à realidade pessoal, educacional e organizacional o conjunto de conhecimentos que pretendemos transmitir.


Ainda temos outra constatação, a de que quando o indivíduo não tem interesse numa informação, sua atitude é rejeitá-la de imediato. Temos cegueira para aquilo que não nos interessa, mesmo que esteja diante dos nossos olhos.


Podemos, assim, depreender que o MC tem como função tirar a venda dos olhos dos aprendizes e fazer com que eles compreendam qual o significado - para a vida pessoal e profissional - do novo conhecimento a ser adquirido, das novas habilidades a serem desenvolvidas e das atitudes que devem ser assumidas. Assumir o papel do MC significa que devemos desenvolver a atitude de formador de equipe. Todos nós temos, em geral, muita dificuldade para ensinar e possuímos uma enorme intolerância com a ignorância alheia. Ao multiplicarmos ensinamentos e posturas, ou seja, ao mexermos com o comportamento humano, com vistas a aumentar a qualidade e a eficácia de sua atuação, devemos ter em mente, entre outros, os seguintes passos:


- Ao treinar, além de ensinar - eduque.
- Estabeleça relações entre o conteúdo a ser aprendido e as metas pretendidas.
- Faça com que os aprendizes pratiquem as novas ações aprendidas.
- Tente reduzir o conflito entre teoria e prática.
- Prepare multiplicadores (colaboradores) para os ensinamentos - só existe valor nos ensinamentos quando eles podem ser repassados a terceiros.
- Reduza a resistência ao fato novo ou desconhecido.
- Leve, sempre, os alunos (treinandos) à reflexão - motive-os.
- Mostre aos treinandos os benefícios dos novos ensinamentos.
- Utilize o bom senso nas orientações práticas.
- Não faça dezenas de slides (transparências), nem dê somente aulas teóricas.
- Faça do aprendizado um ato de compreensão e aceitação das limitações dos treinandos.
- Valorize, sempre, o interesse e dedicação dos treinandos (alunos).
- Forneça aos treinandos feedback (retorno) de suas atuações.
- Tenha certeza de que os alunos (treinandos) entenderam as orientações práticas.
- Faça simulações e dramatizações onde os aprendizes possam praticar as orientações recebidas.
- Valorize os erros dos treinandos (alunos) - a liberdade para errar ajuda no aprendizado.
- Corrija - de imediato - os desvios de aprendizagem dos treinandos, alunos aprendizes e outros.


Abaixo apresentamos o Modelo de Eficácia do Multiplicador que serve para dar uma visão geral do papel que cada multiplicador terá que desenvolver para repassar ensinamentos e posturas, a outros indivíduos, com a finalidade de aumentar a eficácia das tarefas aprendidas durante o processo de aprendizagem.


O modelo é representado graficamente por uma roda onde as habilidades, em número de oito, são apresentadas de forma esquemática, facilitando assim a identificação e compreensão das mesmas.


O que se afigura de extrema importância é que as habilidades sejam, de fato, desenvolvidas por todos aqueles que tenham a nobre função de facilitador do processo ensino-aprendizagem.


Vejamos agora o que significa cada uma das oitos habilidades que caracterizam o papel do Multiplicador.


COMUNICAÇÃO - Habilidade em ouvir e transmitir mensagens.
FLEXIBILIDADE - Habilidade em utilizar a experiência do educando.
EMPATIA - Habilidade em colocar-se no lugar do outro.
POSTURA - Habilidade em educar.
PERSUASÃO - Habilidade de convencer através de argumentos.
AÇÃO ESTRATÉGICA - Habilidade em usar técnicas e recursos instrucionais.
VISÃO GLOBAL - Habilidade em perceber o todo.
PERCEPÇÃO REALÍSTICA - Habilidade em perceber a si e aos outros.


MODELO DE EFICÁCIA DO MULTIPLICADOR

Modelo de Eficácia do Multiplicador

José Carlos Caires
Analista de Desenvolvimento Humano da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA e professor do ensino médio e fundamental do Estado de Alagoas. Graduado em Psicologia pela Faculdade de Humanidades Pedro II (FAHUPE), especialista em Gestão de Pessoas (MBA) pela Faculdade Tiradentes (FITs) e Mestre em Educação pela Universidade Estácio de Sá (UNESA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário